João
Carlos começou seus estudos ainda menino, no
dia em que seu pai comprou um piano, com a professora Aida de Vuono. Aos oito
anos, seu pai o inscreveu em um concurso para executar obras de Bach,
vencendo-o. Começou a estudar no Liceu Pasteur e,
com 11 anos, já estudava piano por seis horas diárias. Teve, no Liceu, aula com
o maior professor de piano da época um russo radicado no Brasil, chamado José Kliass, e
venceu então o concurso da Sociedade Brito de São Petersburgo.
Seus
primeiros concertos trouxeram a atenção de toda a crítica musical mundial. Foi
escolhido no Festival Casals, dentre inúmeros candidatos das três Américas para
dar o Recital Prêmio em Washington. Aos
vinte anos estreou no Carnegie Hall, patrocinado por Eleanor Roosevelt. Tocou com as maiores orquestras norte-americanas e gravou a obra
completa de Bach para piano. Foi ele quem inaugurou o Glenn Gould
Memorial em Toronto.
João
Carlos Martins viu-se por diversas vezes privado de seu contato com o piano,
como quando teve um nervo rompido e perdeu os movimentos da mão direita em um
acidente em um jogo de futebol em Nova Iorque.
Com
vários tratamentos, recuperou parte dos movimentos da mão, mas com o correr dos
anos desenvolveu a doença chamadaContratura de Dupuytren.
Novamente teve que parar de tocar, e dessa vez acreditou seria para sempre.
Vendeu todos seus pianos e tornou-se treinador de boxe, querendo estar o mais
longe possível do que sua carreira significava como músico. Mas sua
incontrolável paixão o fez retornar, e realizou grandes concertos, comprou
novos instrumentos e tentou utilizar o movimento de suas mãos criando um estilo
único de tocar e aproveitar ao máximo a beleza das peças clássicas. Utilizou-se
da mão esquerda para suas peças e obteve extremo sucesso com esta atitude.
Ao
realizar um concerto em Sofia na Bulgária, sofreu um ataque em um assalto, e um golpe na cabeça
lhe fez perder parte do movimento de mãos novamente. E ao se esforçar, sofria dores
intensas em suas mãos, principalmente na esquerda. Novamente pensou que nunca
mais voltaria a tocar. João perdeu anos de sua carreira em tratamentos,
treinamentos e encontrou novamente uma nova maneira de tocar, utilizando os
dedos que podia em cada mão, mas dia a dia podia tocar menos e menos com o
estilo e maestria de antigamente.
Essa
paixão de João Carlos pela música inspirou um documentário franco-alemão
chamado Die Martins
Passion, vencedor de quatro festivais internacionais—FIPA d'Or 2004 , Banff Rockie Award 2004; Centaur com
o melhor documentário de longa-metragem, S. Petersburgo; Best Documentary Award,
Pocono Mountains Film Festival, USA.O documentário franco-alemão sobre a sua
vida - "Paixão segundo Martins" - já foi visto por mais de um milhão
e meio de pessoas na Europa. Também já foi exibido em algumas oportunidades na
TV aberta no Brasil, no caso a TV Cultura.
“Eu estava sem rumo, em 2003, já sabendo que não
poderia mais tocar nem com a mão esquerda. Sonhei então, que estava tocando
piano, com o Eleazar de Carvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário